segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O caminho para ser au pair na Irlanda

Ir além da fronteira para ganhar o mundo, fazer intercâmbio cultural e trabalhar como au pair, aos poucos, deixa de ser um sonho para tornar-se uma realidade segura, no estado europeu


A busca por novas experiências é uma pauta sem fim, na cabeça dos jovens. Eles estudam, formam-se, trabalham e vem a dúvida: o que faço agora? Alguns decidem alternar a rotina, outros a seguirem, e têm aqueles que decidem ganhar o mundo. Programas de intercâmbio estão espalhados por todos os lados, mas existe um, o qual chama atenção com mais frequência, no caso, o de Au Pair.

Para ser um au pair nos Estados Unidos, por exemplo, é preciso ter entre 18 e 26 anos; gostar e ter no mínimo 200 horas comprovadas de trabalho e atividades com crianças; ter recém concluído o ensino médio, estar cursando ou já possuir uma formação superior; ter carteira de habilitação; entre outros requisitos exigidos. O au pair selecionado terá o auxílio e proteção do programa escolhido, com a possibilidade de troca de família e até mesmo de cidade – dentro dos EUA. Você trabalha, estuda e adquire conhecimentos além da fronteira. Só não é mais perfeito, porque este programa, infelizmente, ainda é limitado em alguns outros lugares.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, estima-se que mais de 20 mil brasileiros, hoje, vivem na Irlanda. O estado europeu tornou-se referência em qualidade de vida e educação. Diariamente, brasileiros embarcam na expectativa de aperfeiçoar o inglês, adquirir novas vivências culturais, viajar pela Europa, trabalhar, juntar dinheiro e até mesmo investir na carreira de au pair. Contudo, diferente das exigências e regulamentações propostas pelos programas americanos, na Irlanda isso ainda não existe.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Direitos dos Imigrantes da Irlanda (Migrant Rights Centre Ireland - MRCI), em 2012, diz que cerca de um terço dos au pairs residentes no estado, sofrem algum tipo de exploração. Como: não possuem contrato por escrito (42%); não recebem férias (21%); trabalham aos domingos (27%) e não ganham hora extra (83%); além de passarem por situações difíceis e constrangedoras (51%).

Por essas e outras situações, foi criado a Au Pair Rights Association Ireland (ARAI), um grupo formado por au pairs, que dão suporte a esta área e reúnem informações, as quais são apresentadas às autoridades irlandesas, para que fiscalizem as famílias que exploram a categoria, ainda, sem proteção de um programa ou agência como nos moldes dos Estados Unidos e de outros países.

Criado a partir da iniciativa de Adelita Monteiro, presidente da Associação, o grupo já dispõe do apoio do Ministério do Trabalho irlandês (National Employment Rights Authority - NERA) e da ministra da Infância e Juventude, Frances Fitzgerald, a qual orienta que sejam criadas campanhas educativas a serem apresentadas às famílias, que contratam au pairs. Em reunião com a ARAI, a ministra disse que levará a diante a questão da exploração e os cuidados com as crianças.

Medo e maus-tratos
De acordo com uma das participantes do grupo, a brasileira Mariana Honorato Frota, o principal obstáculo encontrado pelos au pairs da Irlanda, é o medo. “Como eles já estão sem dinheiro, acabam por terem que trabalhar em condições terríveis, aceitando um valor ridículo de salário. Às vezes, recebem 2,50 euros por hora enquanto o valor mínimo pago aqui é de 8,65 euros. O medo de ficar sem nada e ter que ir embora do estado europeu, implica nessas condições”, afirma Mariana, que mora há seis meses em Dublin, na Irlanda.

Algumas au pairs chegam a presenciar casos de maus-tratos dentro das casas onde trabalham. “Tem menina, que precisa cuidar de idosos largados pelas famílias, além de ser obrigada a dar comida vencida a eles, a mando dos donos da residência”, relata a brasileira. Mariana também diz que “tem au pair que trabalha 50 horas semanais e recebe apenas 100 euros, isso quando recebe”.

Proteção aos au pairs
Em prol de justiça e igualdade aos au pairs, vindo de uma reunião realizada em maio com a Au Pair Rights Association Ireland, o Partido Trabalhista (Labour Party) colocou em votação uma proposta, a qual regulamenta e protege a categoria dentro do estado. Para votar, basta clicar na página da proposta.

Como participar?
É possível participar da Au Pair Right Association Ireland pela página do grupo, no Facebook. Lá, o au pair pode acompanhar as novidades, agenda e informações sobre a Associação. Em breve, um canal de vídeos no YouTube será criado para manter as pessoas ainda mais atentas às reuniões, casos e notícias da ARAI. Um blog também será criado para aproximar o público deste projeto, que busca definir as responsabilidades de um au pair, dar suporte a ele e fazê-lo ter uma experiência enriquecedora na vida.

Mais informações podem ser adquiridas pelo e-mail: aupairights@gmail.com. Por enquanto, acompanhe um vídeo sobre o trabalho da Au Pair Rights, no canal “auperiana Brazil”.

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