Ir além da fronteira
para ganhar o mundo, fazer intercâmbio cultural e trabalhar como au pair, aos
poucos, deixa de ser um sonho para tornar-se uma realidade segura, no estado
europeu
A busca por novas experiências é uma pauta sem fim, na cabeça dos jovens. Eles estudam, formam-se, trabalham e vem a dúvida: o que faço agora? Alguns decidem alternar a rotina, outros a seguirem, e têm aqueles que decidem ganhar o mundo. Programas de intercâmbio estão espalhados por todos os lados, mas existe um, o qual chama atenção com mais frequência, no caso, o de Au Pair.
Para ser um au pair nos Estados Unidos, por exemplo, é preciso ter entre 18 e
26 anos; gostar e ter no mínimo 200 horas comprovadas de trabalho e atividades
com crianças; ter recém concluído o ensino médio, estar cursando ou já possuir
uma formação superior; ter carteira de habilitação; entre outros requisitos
exigidos. O au pair selecionado terá
o auxílio e proteção do programa escolhido, com a possibilidade de troca de
família e até mesmo de cidade – dentro dos EUA. Você trabalha, estuda e adquire
conhecimentos além da fronteira. Só não é mais perfeito, porque este programa,
infelizmente, ainda é limitado em alguns outros lugares.
Segundo o Ministério das Relações
Exteriores do Brasil, estima-se que mais de 20 mil brasileiros, hoje, vivem na
Irlanda. O estado europeu tornou-se referência em qualidade de vida e educação.
Diariamente, brasileiros embarcam na expectativa de aperfeiçoar o inglês,
adquirir novas vivências culturais, viajar pela Europa, trabalhar, juntar
dinheiro e até mesmo investir na carreira de au pair. Contudo, diferente das exigências e regulamentações
propostas pelos programas americanos, na Irlanda isso ainda não existe.
Uma pesquisa
realizada pelo Centro de Direitos dos
Imigrantes da Irlanda (Migrant Rights
Centre Ireland - MRCI), em 2012, diz que cerca de um terço dos au pairs residentes no estado, sofrem
algum tipo de exploração. Como: não possuem contrato por escrito (42%); não
recebem férias (21%); trabalham aos domingos (27%) e não ganham hora extra
(83%); além de passarem por situações difíceis e constrangedoras (51%).
Por essas e outras situações, foi
criado a Au Pair
Rights Association Ireland (ARAI), um grupo formado por au pairs, que dão suporte a esta área e
reúnem informações, as quais são apresentadas às autoridades irlandesas, para
que fiscalizem as famílias que exploram a categoria, ainda, sem proteção de um
programa ou agência como nos moldes dos Estados Unidos e de outros países.
Criado a partir da iniciativa de Adelita Monteiro, presidente da Associação,
o grupo já dispõe do apoio do Ministério do Trabalho irlandês (National Employment Rights Authority -
NERA) e da ministra da Infância e Juventude, Frances Fitzgerald, a
qual orienta que sejam criadas campanhas educativas a serem apresentadas às
famílias, que contratam au pairs. Em
reunião com a ARAI, a ministra disse
que levará a diante a questão da exploração e os cuidados com as crianças.
Medo e maus-tratos
De acordo com uma das
participantes do grupo, a brasileira Mariana Honorato Frota, o principal
obstáculo encontrado pelos au pairs
da Irlanda, é o medo. “Como eles já estão sem dinheiro, acabam por terem que
trabalhar em condições terríveis, aceitando um valor ridículo de salário. Às
vezes, recebem 2,50 euros por hora enquanto o valor mínimo pago aqui é de 8,65
euros. O medo de ficar sem nada e ter que ir embora do estado europeu, implica
nessas condições”, afirma Mariana, que mora há seis meses em Dublin, na
Irlanda.
Algumas au pairs chegam a presenciar casos de maus-tratos dentro das casas
onde trabalham. “Tem menina, que precisa cuidar de idosos largados pelas famílias, além de ser obrigada a dar comida vencida
a eles, a mando dos donos da residência”, relata a brasileira. Mariana também
diz que “tem au pair que trabalha 50 horas semanais e recebe apenas 100 euros,
isso quando recebe”.
Proteção aos au pairs
Em prol de justiça e igualdade
aos au pairs, vindo de uma reunião
realizada em maio com a Au Pair Rights
Association Ireland, o Partido
Trabalhista (Labour Party) colocou
em votação uma proposta, a qual regulamenta e protege a categoria dentro do
estado. Para votar, basta clicar na página
da proposta.
Como participar?
É possível participar da Au Pair Right
Association Ireland pela página do grupo, no Facebook. Lá, o au pair pode acompanhar as novidades,
agenda e informações sobre a Associação. Em breve, um canal de vídeos no
YouTube será criado para manter as pessoas ainda mais atentas às reuniões,
casos e notícias da ARAI. Um blog
também será criado para aproximar o público deste projeto, que busca definir as
responsabilidades de um au pair, dar
suporte a ele e fazê-lo ter uma experiência enriquecedora na vida.
Mais informações podem ser
adquiridas pelo e-mail: aupairights@gmail.com.
Por enquanto, acompanhe um vídeo
sobre o trabalho da Au Pair Rights,
no canal “auperiana
Brazil”.
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