segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cyberbullying cresce junto ao Twitter

Agressões virtuais podem causar problemas aos usuários do microblog

                                                                          Foto: Flávia Coan

Cinco anos, 400 funcionários, 200 milhões de usuários cadastrados e valor de mercado estimado em US$ 12 bilhões. Estes dados comprovam que o Twitter conseguiu se consolidar como uma das principais mídias sociais do momento, mas junto com ele também surgem problemas como o cyberbullying, que são agressões e ofensas ocorridas no meio virtual.

De acordo com pesquisa realizada pela ONG Plan Brasil, que atua em defesa de crianças e adolescentes, quase 18% dos 5.168 entrevistados em todo o território nacional já praticaram o cyberbullying, enquanto 17% foram vítimas. No Twitter, cerca de 3 milhões de brasileiros possuem cadastro, e ocupam o segundo lugar do mundo na lista dos mais acessados - o pódio é dos Estados Unidos com mais de 100 milhões.

A internauta Alana Pereira sofreu agressão virtual no final do ano passado, quando foi mal interpretada por algo que escreveu em seu Twitter. “Eu ouvi uma frase no trabalho que não concordava. Tuitei-a entre aspas e coloquei uma hashtag [símbolo - # - seguido por um nome] que indicava indignação. A frase era sobre religião e dizia que o casamento homossexual era algo proibido por questões bíblicas. Um amigo retuitou, e alguém que não entendeu o seu contexto começou a me ofender junto com outros internautas”, relembra Alana.

Para a psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, Andréa Jotta, o cyberbullyng pode ser mais sério do que as pessoas pensam. “Ele possui efeito nocivo e afeta diretamente a estima do agredido a ponto deste, achar-se merecedor das ofensas. Psicologicamente, funciona quase no mesmo mecanismo da anorexia, a pessoa, apesar de estar muito magra ainda se vê acima do peso, como se fosse uma distorção de julgamento entre a realidade e o subjetivo do agredido”, explica a psicóloga.

O medo por parte de quem sofre as agressões é o sintoma mais comum. “Fiquei com medo. Pensava que alguém poderia me acusar de homofobia. E justo eu, uma pessoa sem preconceitos”, afirma Alana após ter resolvido o caso. Já por parte de quem pratica, o temor também existe. “É a fantasia, o 'escondido' criado na internet e aquilo que ninguém pode conhecer, que amedronta. Ou seja, no mundo virtual, seu maior inimigo é o seu ‘eu mesmo’ desconhecido”, diz Andréa.

                                                                                       Foto: Flávia Coan


Como lidar
Para enfrentar o cyberbullying, Andréa acredita que antes de qualquer precaução é preciso perceber como a internet funciona. “Falta educação, entender o virtual e o presencial como parte da vida real do ser humano contemporâneo, no caso, é tão ruim ofender os outros na internet, quanto fora dela”. Referente ao Twitter, Andréa sugere que os internautas apaguem sempre os tuites que possam causar algum tipo de constrangimento e insultos.

Disk Adolescente
Jovens de até 20 anos não precisam mais se sentir intimidados com problemas de saúde ou por intimidação, causado por bullying ou cyberbullying. Há 10 anos a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo trabalha com o projeto ‘Disk Adolescente’, que mantém uma equipe de profissionais formada por dois médicos, um psicólogo, um nutricionista e um terapeuta corporal.

O adolescente não precisa se identificar. A partir de seus relatos, ele será orientado pelos ouvidores e profissionais de prontidão para que seja atendido com segurança. Além dos jovens, o serviço também é destinado ao esclarecimento dos pais e familiares, que podem ligar e solicitar ajuda. Para entrar em contato é só telefonar para (11) 3819-2022, de segunda-feira a sexta-feira, das 11h às 14h.

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