As cores de Avril Lavigne

Indo do preto ao rosa, canadense mostra que a sua paleta de cores muda conforme a música

                                                  
Quem não se lembra daquela sensação de ‘quero mais’ deixada por Avril Lavigne, em 25 de setembro de 2005, ao encerrar a sua “The Bonez Tour” para mais de 40 mil pessoas na mesma vibe, dentro do estádio do Pacaembu? Na época, foi pouco mais de uma hora de show para muitos sentimentos acumulados e com os pedidos de serem colocados para fora novamente. Depois de quase seis anos, e com direito à casa cheia, ao que parece, Avril cumpriu a sua parte e recompensou cada fã presente ao extrair tudo o que foi acumulado neste tempo.

As filas formadas no Credicard Hall, durante o dia 27, foram intensas. Até então ninguém sabia se ainda aconteceria o show previsto para logo mais, já que a canadense e toda a sua equipe estavam presos no aeroporto da Argentina devido às cinzas do vulcão Puyehue. No Twitter, ela chegou a declarar que nunca tinha ficado presa ou teve que esperar tanto tempo para embarcar e fazer um show. Mas tudo pareceu se encaminhar quando às 17h50, ela conseguiu desembarcar em Guarulhos. Aí seria só uma questão de trânsito e horas.

                                                                                                                               

Às 22h16 o Credicard foi abaixo. Avril Lavigne pisou ao palco acompanhada de sua ‘green star’, que enquanto levava centenas de fãs a entenderem o sentido de serem pequenas “Black Stars”, outras centenas se viam às lagrimas em uma pequena introdução à fantasia, em que o encontro com a realidade só aconteceria há exatos 1h44 minutos depois.

Após o vídeo de “Bad Reputation” e a abertura com “Black Star”, foi a vez do palco escurecer e logo se incendiar ao som “What The Hell”. A música foi o primeiro single do seu mais recente álbum, “Goodbye Lullaby”, e mesmo sem os seus “a little psychos”, a cantora correu de um lado para o outro, arriscou alguns passos de dança ao seu clássico estilo “crazy bitch” de ser, e mostrou como se esquece o passado e joga-se tudo para o alto para dar um grande sorriso.

                                                                   

Cheio de caras e bocas, Lavigne se divertiu e também conseguiu fazer os fãs saírem do chão com “Sk8er Boi”. A cada turnê, a música ganha uma nova roupagem, e dessa vez ela ficou mais rock and roll. Por mais que a sua letra seja a mais infantil co-escrita por Avril, a melodia e a lembrança da adolescência vivida pelos fãs que a acompanham desde 2002, chegam a ser inevitáveis. E quem não quis brincar com ela e as bexigas, jogadas ao palco?

Em “He Wasn’t”, a canadense descontraiu junto ao público, mas não teve muita sorte ao pedir para eles ficarem em silêncio. Entre vários “shios”, ela não resistiu e logo disse para todos fazerem barulho e caírem no agito do hit. Na sequência veio “I Always Get What I Want”, música que faz parte da trilha sonora do filme “O Diário de uma Princesa 2”, encerrando a primeira parte do show.

No minuto seguinte, foi a vez de Jim, guitarrista e back vocal, sentar ao piano e começar “Alice”, da trilha de “Alice no País das Maravilhas”. Enquanto as notas ecoavam pelo Credicard, Avril estava sentada em cima do piano, onde interpretava cada frase cantada. Em seguida foi a vez de “When You’re Gone”, que com certeza deixou muita gente com o coração na mão ao lembrar-se do ciipe e do quanto é difícil estar longe de alguém que se ama.                                                                                                                   

Antes de assumir o comando do piano, a cantora agradeceu a presença de cada um no show, porque foram todos ali que fizeram aquela noite realmente acontecer, já que até poucas horas antes, ela e sua equipe ainda estavam presos no aeroporto da Argentina. Sob aplausos e gritos, começou “Stop Standing There” junto a um coral de vários “lá lá lá lá lás”. Essa música fala sobre abrir o seu coração e não ter medo de arriscar, mas jamais tendo que ficar parado, já que a vida tem segundos únicos para ser vivida e a aproveitada com toda a intensidade possível.

Avril tem características únicas e facilmente reconhecidas em um show. Ela não é de conversar muito com o público, mas sabe que o seu papel é fazer com que cada um se divirta e descubra o porquê ‘daquela’ letra ser tão importante para sí. Em “Wish You Were Here” ela cantou um trecho da canção com uma menina da plateia, que com certeza cantou por todos que queriam ter tido aquela oportunidade. “Nobody’s Home” foi a próxima, encerrando o bloco das baladinhas, em uma versão totalmente acústica.
                                                                            

A canadense deixa o palco, onde a sua banda assume o comando, tocando o encore de “Unwanted”, “Freak out” e “Losing Grip”. Depois de um momento mais dark, foi a hora de deixar o palco cor de rosa ao som “Girlfriend”, que fez jovens e adultos dançarem e reviverem o hit de 2007. “Airplanes + My Happy Ending” foram as próximas. O cover do sucesso de Hayley Williams e B.O.B. introduziu o momento de lavar a alma e mostrar que “happy ending” existe todos os dias, com ou sem um relacionamento. A felicidade vai além da música. “Don’t tell me”, primeiro single de “Under My Skin”, foi logo embalada pelos quase 8 mil presentes.

Entre diversos “São Paulo” e “Brasil”, Avril apresentou a sua banda. Jim McGorman (guitarrista, back vocal e ainda pianista), Steve Fekete (guitarrista), Steve Ferlazzo (tecladista), Al Berry (baixista) e Rodney Howard (baterista). Para o vocal, todos dispensam apresentações, até por que, a frase da música seguinte explica tudo: “you know that I’m a crazy bitch, I do what I want when I feel like it (...)”, de “Smile”.

Durante “I’m With You”, vários casais dançavam juntos no curto espaço que ainda tinha na pista premium. É, o amor dominava o Credicard Hall. As luzes se apagaram e só se viam estrelas, celulares e câmeras que brilhavam junto à voz da canadense, que cantava por diversas vezes “I’m with you Brazil”. Ela e a banda se despediram e quando as luzes se acenderam, só se viam lágrimas pelos rostos dos fãs.

                                                                                                                                             

Na setlist estava previsto “What The Hell” à capela, mas foi cortada. Quase cinco minutos depois, Avril retornou para o bis, que contou com “Keep Holding On”, “Hot”, “Push” e “Complicated”.

Meia-noite em ponto, Lavigne e sua banda deixaram o palco após cantar e tocar o considerado oitavo maior hit do mundo da música entre os anos de 2000 e 2009, segundo lista divulgada pela revista Rolling Stone. A canção foi “Complicated”. Naquele  momento, os fãs já sabiam que a realidade estava por chegar. Entre sorrisos e simpatia, a cantora virou uma estrela no palco e se despediu de todos. Em um minuto, todas as emoções possíveis passaram de uma só vez. Sim, a “The Black Star Tour” tinha terminado, mas dessa vez com outra sensação, a de ‘muito obrigado por tudo’.


Quem estava próximo ao palco, pôde acompanhar os bastidores de um show que foi muito além da setlist. Entre uma música mais lenta e outra mais divertida, eram diversas as brincadeiras e piscadelas dela para a sua banda. Tinham momentos que pareciam crianças dentro de uma piscina de bolinhas. Detalhe para o fichário com as letras das canções de Lavigne, que ficavam bem embaixo do pedestal dela, próximo às caixas na qual subia. Mas a sua memória colaborou junto à centenas de vozes ecoadas ao mesmo sentimento.

Avril é a mistura do rosa com o preto. Ela mostra que o seu estilo pop pode também ser uma essência para o rock. Das cores se faz arte. Da arte ela faz música. Até a próxima turnê!                                                                                                   

Confira a setlist

1 - Bad Reputation (vídeo)
2 - Black Star
3 - What the Hell
4 - Sk8er Boi
5 - He Wasn’t
6 - I Always get What i Want
7 - Alice
8 - When You’re Gone
9 - Stop Standing There
10 - Wish You Were Here
11 - Nobody’s Home
12 - Unwanted + Freak Out + Losing Grip (instrumental)
13 - Girlfriend
14 - Airplanes + My Happy Ending
15 - Don’t Tell Me
16 - Smile
17 - I’m With You
18 - WTH à capella (não cantada, mas presente na lista)
19 - Keep Holding On
20 - Hot
21 - Push
22 - Complicated

Enquanto isso, no dia seguinte...

O show do dia 28 teve dois momentos inesquecíveis para os mais de 7 mil presentes. Avril contou que os fãs pediram muito a música “Everybody Hurts” pelo Twitter e no show da noite anterior. Resultado: pela primeira vez durante a sua turnê, ela performou a tão pedida canção. Confira o vídeo abaixo.

E para completar à noite, veio a tão inesperada “Keep Holding On” cantada de um jeito diferente. Lavigne desceu à grade e cantou a música para todas as pessoas que estavam ali e que tinham algum tipo de deficiência. Agora pegue a letra de “KHO” e alinhe ao momento. Emoção e lágrimas (muitas) definiram o momento presenciado por quem estava à frente da cantora. 

Fotos e vídeos: Gui Zambonini

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